- Área: 3620 m²
- Ano: 2013
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Fotografias:Jérome Ricolleau, Frenchie Christogratin
O IUFM (Instituto Universitário de Formação de Professores – Instituto de Treinamento de Professores de Escola Primária) está localizado na antiga Ecole Normale pour Garçons, um edifício que data de 1885 em uma grande propriedade chamada Clos Fayet no distrito da Cruz Vermelha de Lyon. Esse edifício possui todas as características arquitetônicas típicas da escola francesa do final do século XIX e meados do século XX. Foi recentemente invadido por construções recentes.
Para ampliar o edifício, os arquitetos conceberam um esquema para completar a composição geral, através do fechamento da parte dos fundos da propriedade dentro de uma partição clara, ou seja, adicionando um comprimento final de parede para fechar o edifício. O novo edifício de concreto e pedra é a materialização contemporânea deste novo limite, com um estilo sem ostentação mas grande força. Ele dialoga com as construções existentes de maneira sutil, uma relação silenciosa, criando um lugar que se baseia no aprendizado, reflexão e meditação.
Num jogo de luz natural, vistas e transparências estudado, o edifício se revela pouco a pouco à medida que nos movemos em seu entorno em uma atmosfera quase monástica.
Um jardim "enclausurado"
Este amplo terreno está em uma área urbana de baixa densidade entre um distrito da cidade antiga e uma área de modernos desenvolvimentos urbanos. Com uma entrada monumental do Boulevard de la Croix-Rousse, é construído em meio a uma série de edifícios variados do século 19, grandes propriedades, pequenas instalações industriais e principalmente residências da década de 1970.
Para ampliar o edifício e frente à esta diversidade, os arquitetos decidiram escolher estabelecer relação nenhuma com o entorno, e ao invés disto, abrir-se generosamente ao jardim, e portanto, beneficiar de todos os aspectos relacionados à insolação sul.
É um edifício bastante horizontal, com um volume praticamente baixo que se desenvolve em seu comprimento. Sua inspiração se baseia em conceitos relacionados às paredes: limites, fechamentos, cercas, enclausuramentos, etc. Um jogo de camadas formadas de fileiras de concreto que estão ao longe acentuam o esquema horizontal e possibilita entrada de luz natural. Os espaços são dispostos em uma sequência do oeste para leste: a sala de esportes, a sala de conferências e a biblioteca de mídias.
Camadas e luz
O uso da luz natural é elemento central do esquema de projeto. É diferente em cada parte do edifício, e é adaptada para cada uso.
A biblioteca de mídias ocupa a maior parte do projeto. Sua grande fachada envidraçada percorre o jardim ao lado do lago, e se estende abaixo do teatro de conferências até a sala de esportes. Do lado de fora, transmite transparência e visibilidade, do lado de dentro, uma sala de leitura no meio do verde.
Leitores podem sentar diretamente encostados nas paredes de vidro. Grandes painéis de madeira enquadram as vistas, incentivam a concentração, servem de fechamento nas áreas de trabalho e criam uma escala adaptada àquela das pessoas.
O vão central tem pé direito duplo. Suas estruturas de concreto aparente permitem a entrada de luz natural filtrada desde suas laterais através dos feixes de aberturas ao sul, e do teto a partir de uma abertura de vidro que se estende verticalmente até o pátio.
A parcela norte é ocupada pelos "escritórios dos fundos" responsáveis pela parte técnica e administrativa, e pelas salas de trabalho em grupo no andar térreo e no andar superior. A qualidade transparente é mantida de uma fachada para outra por várias aberturas que preservam as vistas e a luminosidade.
A biblioteca de mídia é generosamente iluminada de várias fontes, criando uma ambiência acolhedora e equilíbrio adequado para leitura e concentração.
Formas e vistas
“Conectando espaços diferentes através de vistas, silenciosamente” - Juliette Cozon.
O teatro para conferências é o símbolo do conhecimento. Destaca-se pelo seu volume alto e retangular por sob o qual podemos avistar a entrada, que é acessível a partir do edifício original através de uma cobertura. Cria uma fachada facilmente identificável e um tanto incomum na Rua Bony. Parece Parece ter sido colocado sobre um pedestal horizontal.
É um bloco de pedra, um material com qualidade mais alta que concreto, o material mais utilizado no projeto. A pedra de revestimento de paredes é também visível no forro na entrada e também dentro da biblioteca de mídia.
As aberturas parecem fazer uma composição musical e rítmica. As janelas trazem a luz dentro do coração do edifício, que é basicamente uma caixa totalmente opaca. Ele também é iluminado por painéis de vidros fixos que oferecem vistas discretas da biblioteca.
O telhado é de zinco, apoiado em uma estrutura de madeira laminada colada.
Um jogo de materiais
A sala de esportes lembra o ginásio existente no desenho de sua fachada oeste, composta de finas ripas de concreto. Elas fazem o equilíbrio entre iluminação natural de alta qualidade com proteção solar e permite as vistas, preservando a privacidade necessária para os usuários. No sul, abertursa longitudinais e janelas altas controlam a luz do sol poente.
O projeto faz uso de uma série de materiais. Consiste principalmente de concreto em um cinza claro com um acabamento de textura de madeira. Joga com a diferença sutil de textura, brilho e cor entre a pedra Cenia cinzenta da sala de conferências e o verde escuro do revestimento ventilado de Eternit na fachada norte.
Os tratamentos das superfícies de piso adicional a esses efeitos de diferenças e similaridades enquanto mantém a continuidade entre exterior e interior. Os caminhos externos em concreto escovado percorrem o perímetro do edifício assim como outros caminhos de cascalhos e jardins de seixos.
No interior, os materiais, os móveis e as cores foram escolhidas com cuidado: tem uma gama de tons claros nas salas de aula e no auditório, um grande tapete vermelho nas salas de leitura e um assoalho de carvalho na biblioteca de mídia, e pisos de um vermelho vivo nas salas para esportes. A oposição entre materiais acabados e não acabados acentuam a estrutura de concreto parente, e tem tem um teto falso feito de painéis acústicos nas salas de leitura, e possui a forma de uma praça central incorporando iluminação indireta na sala de esportes.
Desenho da paisagem e vegetação
Como um contraste a esses materiais brutos, as áreas verdes tem um papel importante. Existe uma sucessão de áreas verdes variadas e alguns elementos paisagísticos que conectam aos jardins existentes. Na parte frontal, um espelho d'água ornamental e suas plantas aquáticas projetados pelo Atelier Anne Gardoni ajudam a criar um atmosfera harmoniosa que conduz à meditação. O conjunto todo se harmoniza com os arbustos e os cedros existentes. Na parte de trás, um pequeno jardim com seixos de inspiração japonesa é visível dos fundos da biblioteca e da rua.
As coberturas plantadas com limo oferecem uma agradável quinta fachada, acentuando os efeitos de camadas e são visíveis de alguns lugares de dentro do edifício.
Com essa espansão da Escola IUFM, o Atelier de la Passerelle desenhou e completou um único edifício que tem um grande sentimento e serenidade. Pode ser descoberto pouco a pouco, e não se revela completamente logo de cara. Isto é o resultado da sutil alquimia do tratamento alternativo de formas, materiais e luz.